Surge notícia sobre André Ventura após cartazes polémicos

O líder do Chega, André Ventura, volta a incendiar o panorama político e mediático português — desta vez, com uma polémica que ultrapassou fronteiras e já está a gerar tensão diplomática entre Portugal e o Bangladesh.

Durante o último fim de semana, vários outdoors chocantes surgiram em diferentes cidades do país, exibindo a imagem de Ventura ao lado da frase:

“Isto não é o Bangladesh.”

A mensagem, que muitos consideram xenófoba e provocatória, foi partilhada nas redes sociais pelo próprio líder do partido e por outros dirigentes do Chega, que garantem tratar-se de “uma metáfora política”. No entanto, o impacto foi imediato — as imagens viralizaram, gerando indignação e protestos tanto em Portugal como no estrangeiro.

Mas o caso tomou proporções inesperadas quando, poucas horas depois da divulgação, a Embaixada do Bangladesh em Lisboa publicou um comunicado oficial e contundente, exigindo explicações ao Governo português e à Comissão Nacional de Eleições.

Liberdade de Expressão: Ventura Defende Cartazes Polémicos em Campanha

“As autoridades apropriadas estão a ser contactadas sobre este assunto. O conteúdo dos outdoors é ofensivo e fere a dignidade do povo bengali”, lê-se na nota, originalmente escrita em bengali e depois traduzida para português.

Nos bastidores, fontes diplomáticas confirmam que o embaixador do Bangladesh terá cancelado todos os compromissos públicos e solicitado uma reunião de emergência com o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Enquanto isso, membros da comunidade bengali em Portugal organizaram vigílias silenciosas em Lisboa e no Porto, pedindo respeito e responsabilização. Há relatos de ameaças e insultos nas redes sociais dirigidos tanto a imigrantes bengalis como a apoiantes do Chega — cenário que levou as autoridades a reforçar a vigilância junto a algumas embaixadas e mesquitas.

Curiosamente, a frase usada por Ventura não é inédita. Ela nasceu em setembro, numa música criada com recurso a inteligência artificial, que o próprio partido terá usado para promover um vídeo de campanha “não oficial”. A canção, com refrão idêntico, já tinha sido banida de várias plataformas por incitar ódio racial, mas ressurgiu agora em forma de cartaz político.

CNE pede intervenção do Ministério Público sobre cartazes de André Ventura  | Euronews

Dentro do Governo, o clima é de desconforto. Segundo fontes do Palácio das Necessidades, o Ministério dos Negócios Estrangeiros está a ser pressionado por diplomatas asiáticos para reagir de forma firme. Um conselheiro admitiu sob anonimato:

“O caso é grave. Não é apenas uma questão política interna — é uma ofensa direta a uma nação amiga.”

Enquanto Ventura defende-se dizendo que “não tem medo da verdade”, figuras da oposição exigem que a Procuradoria-Geral da República investigue o caso por incitação ao ódio e discriminação racial.