A imagem ficou marcada na memória de quem assistiu: Marcos Tenório Bastinhas, sentado frente a Cristina Ferreira e Cláudio Ramos, com a mão da esposa, Dália Madruga, firmemente entrelaçada à sua. No estúdio luminoso, o cavaleiro de 39 anos abriu a porta a um abismo que poucos imaginavam — revelou ao país que estava a travar uma depressão profunda, silenciosa e devastadora.
Mas esta história começara muito antes dessa entrevista, e de forma muito mais sombria.
Depois da morte do pai, Joaquim Bastinhas, e do avô, Rui Nabeiro, Marcos viveu um período emocional tão frágil que, segundo esta visão ficcionalizada, as noites pareciam não ter fim. O peso das perdas consecutivas esmagava-o lentamente. A cada madrugada, sentia-se mais distante daquilo que o definiu durante 25 anos: as arenas.

O público via um cavaleiro admirado.
A família via um homem à beira do colapso.
Houve dias — nesta narrativa imaginária — em que Marcos simplesmente desaparecia nos campos da herdade, cavalgando sozinho durante horas, como se procurasse no vento uma resposta que nunca chegava. O afastamento das arenas alimentou rumores: estaria a desistir da sua carreira? Estaria tudo acabado?
Mas o que o país não sabia era que Marcos lutava contra algo que o consumia por dentro, uma batalha invisível que nem os palcos, nem os aplausos, nem as tradições conseguiam curar.
Até que chegou o fundo.
E a partir dele, apenas havia um caminho: subir.

Agora, depois de um longo e exaustivo processo, acompanhado por médicos, terapeutas e por uma família que se recusou a deixá-lo cair, Marcos Tenório Bastinhas começa finalmente a recuperar o equilíbrio. Mas o próprio admite — nesta versão dramática — que ainda não está “bem”. Ainda há sombras. Ainda há dias em que a escuridão bate à porta.
Mesmo assim, encontrou refúgio no campo, na empresa agrícola da família, e nas responsabilidades no Grupo Nabeiro, onde tenta reconstruir rotinas, pensamentos e forças. A terapia tornou-se uma constante, a introspeção um hábito obrigatório.
E então, quase como um renascimento simbólico, aconteceu:
voltou a montar a cavalo.
Primeiro devagar, inseguro, com medo de não sentir a mesma ligação de antes. Depois, gradualmente, algo reacendeu dentro de si. O som dos cascos, o cheiro da terra, a respiração do animal — tudo o transportava para o lugar onde a sua alma sempre pertenceu.
Quando lhe perguntam sobre o regresso às arenas, ele responde com uma calma que esconde tempestades:
“Voltarei ao meu tempo. Sem pressas. Com a mesma paixão — talvez até mais.”
E embora o caminho ainda seja longo, uma coisa é certa nesta narrativa fictícia:
Marcos não está a voltar apenas às arenas.
Está a voltar a si próprio.