A tarde em Coimbra parecia comum — risos ecoavam no campo, o som das rodas no chão misturava-se com o das conversas entre amigos. Mas, em segundos, a alegria deu lugar ao pânico. Vicente Cardoso Gonçalves, o jovem atleta de 19 anos que era o orgulho da Associação Académica de Coimbra, caiu repentinamente, sem aviso.

Os colegas correram em seu auxílio, incrédulos. O rapaz que nunca faltava a um treino, que respirava hóquei em patins e vivia pela Briosa, jazia imóvel, vítima de um colapso cardíaco súbito. “Parecia um sonho mau… ele estava a rir-se um segundo antes”, contou um dos amigos que o acompanhava naquele momento.
Levado de urgência para o hospital, Vicente lutou com todas as forças. Durante dias, Coimbra viveu em suspense. Centenas de mensagens invadiram as redes sociais — antigos colegas, treinadores, e até rivais desportivos pedindo um milagre. Muitos reuniram-se à porta do hospital, em vigílias silenciosas, segurando velas e cachecóis da Académica.
Mas o milagre não chegou. Na madrugada de quinta-feira, o coração de Vicente, que tantas vezes acelerou nas pistas e nas vitórias, parou de vez.

A notícia abalou o mundo académico. O pavilhão onde treinava transformou-se num altar improvisado, coberto de flores e camisolas pretas com o número 7 — o número que Vicente usava e que agora será retirado em sua homenagem.
No sábado, às 10h30, Coimbra vai parar. As sirenes tocarão, os patins ficarão imóveis, e o nome de Vicente ecoará entre lágrimas e aplausos. Porque alguns heróis não precisam vencer campeonatos — basta viverem com o coração inteiro… mesmo que ele tenha parado cedo demais.